Entrevista com Paula Pimenta
Fiquei super feliz ao chegar da escola e constatar que as respostas das perguntas feitas para a Paula Pimenta estavam lá no meu e-mail, todas lindas e poderosas. Então lá vai...
Camilla: Paula muito obrigada por receber nossas perguntas e disponibilizar um pouquinho do seu tempo corrido para respondê-las.
Paula: É um prazer!
Camilla: Então, gostaríamos de saber como foi escrever um livro tão especial como "Fazendo meu Filme", para um público tão exigente que são os adolescentes e jovens?
Paula: Eu gosto mais de escrever para adolescentes do que para adultos. Apesar de serem exigentes, os adolescentes conservam ainda uma pureza infantil e não leem já predispostos a não gostarem, são abertos, ao contrário de muitos adultos. Além disso, eu considero a época da adolescência uma das melhores da minha vida até agora, e escrevendo histórias sobre adolescentes, eu mato um pouquinho da saudade e, de certa forma, revivo aquela fase.
Camilla: Quando você descobriu que realmente gostava de escrever?
Paula: Acho que desde que aprendi a escrever! Eu escrevi o meu primeiro livrinho aos sete anos. Fiz um poema para cada pessoa da minha família, grampeei e vendi para a minha avó... Ela guarda até hoje! Desde então, eu nunca mais parei de escrever, sempre gostei de Português no colégio, adorava fazer redações… Na época do vestibular, resolvi fazer Jornalismo, para profissionalizar esse amor pela escrita. Mas logo no começo do curso, eu me decepcionei. Descobri que eu não queria relatar os fatos imparcialmente e, sim, colocar emoção nas linhas. Os meus professores, ao lerem as minhas matérias jornalísticas, perguntavam se eram crônicas. Foi quando eu descobri que era aquilo que eu queria, me colocar dentro da história, opinar, criar. E, por isso, acabei transferindo de curso, para poder ser mais criativa. Me formei em Publicidade e Propaganda. Mas foi com “Fazendo meu filme” que eu realmente descobri que o que eu mais gosto de escrever são romances.
Camilla: Você se sente um pouco adolescente? Por que?
Paula: Me sinto, sim! Eu costumo dizer que eu “estacionei” nos 16 anos! Não sei o motivo, talvez por ter sido uma época muito marcante e boa da minha vida, ou pelo fato de eu sempre sentir emoções fortíssimas (como a gente sente na adolescência)... Claro que eu também gosto de ter a idade que tenho, ser independente, poder fazer coisas que com 16 anos eu não podia, mas acho que eu mantive o lado sonhador que eu tinha na adolescência, e eu realmente acho isso muito bom...
Camilla: A Fani é louca por cinema e você, também é? Qual é seu filme ou seriado favorito?
Paula: Sou! Mas a Fani, ao contrário de mim, prefere ver filmes em casa, no DVD. Eu já prefiro a magia das telas grandes! É muito difícil falar só um filme preferido, eu tenho tantos... Sem dúvida, “romance” é o meu gênero preferido, pois eu gosto de ver filmes que me façam suspirar e que me deixam sonhando, mesmo depois que a sessão termina... Seriado faz tempo que eu não vejo um que eu realmente goste. Mas o preferido de todos os tempos vai ser pra sempre “Minha vida de cão” (My so called life).
Camilla: Como foi fazer intercâmbio no auge da sua adolescência?
Paula: Foi muito marcante, pois na adolescência a gente sente tudo muito mais intensamente. Na verdade, na época eu não gostei muito, já que eu fiquei de lá querendo viver o que as minhas amigas estavam vivendo no Brasil. Elas me contavam que estavam indo a festas ou a barzinhos, que o menino que eu gostava estava nesses lugares e eu quase morria! Ser adolescente nos Estados Unidos é muito diferente, toda a vida social acontece na escola. No fim de semana eu dormia no máximo às 22h e sentia falta da agitação do Brasil. Mas foi uma experiência muito válida, com certeza eu repetiria.
Camilla: Nesta fase você teve alguma decepção amorosa?
Paula: Tive váááárias! Risos! Eu me apaixonava e me desiludia toda semana! Mas eu também tive um grande amor nessa época, lembro dele com carinho até hoje.
Camilla: Você se inspirou em algum dos seus amigos para fazer os personagens do livro?
Paula: Nenhum deles foi inspirado em alguém por completo, porém todos têm características de pessoas que eu conheço. Aos 16 anos eu tinha uma amiga, por exemplo, que era louca por um menino que não estava nem aí pra ela, mas mesmo assim ela não o esquecia, e daí eu tirei a inspiração para a Natália. Outra amiga sempre percebia o que estava acontecendo antes, vivia dizendo como todo mundo deveria agir, e a Gabi é um pouco inspirada nela. A mania do Leo de gravar músicas eu tirei do meu próprio melhor amigo de adolescência. E por aí vai. Nenhum deles é uma pessoa específica, mas todos possuem fragmentos de alguém.
Camilla: Você esperava que ia fazer um sucesso tão grande, sendo reconhecida por todos e essas pessoas tendo um carinho tão grande por você? Isso atrapalha um pouco?
Paula: Não atrapalha em nada, eu adoro! O retorno dos leitores é algo que sempre me emociona, eu realmente não esperava que tanta gente fosse ler e gostar dos meus livros. Só fico um pouco preocupada com os próximos livros, um certo receio de não conseguir agradar da mesma forma! Mas eu também tive esse medo quando estava escrevendo “Fazendo meu filme
Camilla: Seus amigos e familiares sempre apoiaram você quando decidiu escrever livros?
Paula: Sim! Anos atrás, eu lancei um livro de poemas (“Confissão”). Naquela época, só os meus amigos e familiares é que conheciam o meu lado de escritora, então o apoio deles foi fundamental. Logo depois, comecei a escrever crônicas, eu sou colunista de um blog – o “Crônica do Dia” (digo que “sou”, mas na verdade há meses eu não escrevo crônicas, por pura falta de tempo), e a partir daí, além da família e amigos, comecei a ter alguns leitores assíduos, e eles todos me pediam para que eu lançasse uma coletânea com as minhas crônicas. Minha idéia era realmente fazer isso, mas aí eu “inventei” de escrever “Fazendo meu filme” e o meu foco foi inteiramente desviado para a série. Mas apesar de agora ter o apoio de muito mais gente, a opinião da minha família e amigos ainda é primordial.
Camilla: Qual foi o principal foco do seu livro? E o que você quis passar de mais importante para os seus leitores?
Paula: Acho que o principal é o fato de que às vezes nós buscamos muito longe o que está mais perto do que imaginamos... A felicidade pode estar pertinho, mas pode acontecer de não enxergarmos por estarmos olhando longe demais...
Camilla: Muitas pessoas gostariam de escrever um livro, e no seu ponto de vista, o que é preciso para isso?
Paula: Em primeiro lugar, ler muito. Geralmente, quem gosta de ler e tem esse hábito, escreve bem, e ler gêneros variados é até importante para se descobrir qual é o seu estilo preferido, pois na hora de escrever você deve optar por ele. Essa é outra coisa a se considerar, escrever o que a gente gosta de escrever. Se eu fosse escrever, por exemplo, sobre política, que é um assunto que não me atrai, certamente não escreveria livros com tanta paixão quanto eu escrevo os meus, e o leitor sente isso. Escrever sobre o que a gente "sabe", é importante também. Ao escolher um tema, certifique-se que você domina o assunto, para não se perder no meio da história. Depois que o livro estiver pronto, é preciso muita paciência e força de vontade pra procurar uma editora. Acho que esses são os passos fundamentais para quem quer escrever e publicar um livro.
Camilla: você pensa em fazer um filme dos seus livros? Nos iríamos adorar! :D
Paula: Penso, sim! Todo mundo me pede isso, mas infelizmente não é tão fácil, pois um filme exige muito dinheiro... Estou começando a entrar em contato com produtoras de cinema e diretores, e alguns leitores criaram uma comunidade no Orkut (“Fazendo meu filme no cinema já”) para que a gente comece a fazer umas campanhas em busca de patrocínio... Vamos ver se a gente consegue! Eu ia adorar!
Camilla: Alguém já chegou a te desanimar para seguir a carreira de escritora?
Paula: Não. O único desânimo que tive foi mesmo antes de conseguir publicar, pois as editoras são muito resistentes a contratar autores iniciantes. Mas eu não desisti enquanto não consegui e hoje eu vejo o quanto valeu a pena.
Camilla: Qual o conselho que você daria a todas as adolescentes hoje?
Paula: Muitas leitoras adolescentes me escrevem dizendo que gostariam de ser como a Fani. Eu não acho que a Fani seja uma "jovem modelo", mas ela é um tipo de garota que não é "Maria vai com as outras", que tem valores, opiniões formadas e que, acima de tudo, respeita seus próprios princípios e vontades, sem vergonha ou medo do que poderiam vir a pensar sobre ela. Ela é diferente das outras exatamente por valorizar bem mais seu próprio jeito do que o que está "na moda", e dessa forma, ela acaba se destacando e se tornando uma garota especial. Esse é o conselho que eu dou às adolescentes. A gente deve escutar o nosso coração, por mais que isso possa ir contra o que todo mundo está fazendo ou o que parece certo para as amigas. E o mais importante: Não deixe nenhum garoto te fazer de boba. Se ele não te acha boa o suficiente pra ele, ele é que não merece você. Entendido? ;-)
Pode deixar Paulinha, faremos o possível para seguir todos os seus conselhos! :D
Bom, gente é isso, espero que tenham gostado, e quem tiver e/ou quiser mandar perguntas para a Kamila Denlescki, pode entrar em contato comigo pelo twitter, pelo orkut ou por e-mail, se quiser também pode mandar carta, pombo correio, qualquer coisa serve, ok?! Beijos e se cuidem!
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS: JULYELLEN E ANDREZZA.
Adorei a entrevista ^^ Principalmente saber que ela escreveu o 1º livro aos sete anos e que a avó guarda até hoje - mtu legal :)